A "Bandeira" é um prato dos Verões da minha infância.
Presença obrigatória nas casas de praia por onde passámos, era muitas vezes a refeição que nos esperava quando chegávamos, mortos de fome, dos infindáveis banhos de mar. Feito pela Rosa (who else, para ter esta paciência?), a querida Rosa* que nos criou a todos e encheu os nossos longínquos dias de requintados maus hábitos que todos nós tivemos mais tarde que esquecer (que remédio, a vida não são sempre Rosas...). Mas a recordação desses tempos, de absoluta e inocente felicidade, essa já ninguém nos tira.
Era uma bandeira imaginária, de um país imaginário saído da criatividade da Rosa para deleite dos nossos olhos e para suavizar a odiada sesta, que se seguia sempre ao almoço e que éramos obrigados a fazer. Esta bandeira apresentava-se num enorme prato redondo (a mesa nunca tinha menos do que dez pessoas, os nossos amigos eram todos adoptados pela Rosa e aproveitavam os seus mimos sempre que podiam), dividido em quatro quartos, cada um de sua cor. Compunha-se de ovos cozidos recheados com atum, cobertos com molhos tão coloridos como saborosos. Era sempre uma festa, a Bandeira. O meu pai aproveitava para nos ensinar as cores das bandeiras dos países reais. Mas era esta a do país da nossa eleição, terra prometida de brisas marítimas, sal e areia.
Faz-se assim:
Cozem-se ovos (calculando 2 ovos por pessoa, ou seja, 4 metades), cortam-se ao meio no sentido do comprimento e separam-se as gemas, que se esmagam e misturam muito bem com atum bem escorrido do seu óleo (1 lata para 4 ovos). Voltam a encher-se os buracos das claras cozidas com este preparado e arrumam-se os ovos num prato redondo (com o recheio para baixo), até cobrir todo o prato. Com alface cortada em Juliana (como a couve para o caldo verde) faz-se a divisão dos ovos em 4 quartos e tapa-se cada quarto com as seguintes coberturas: mayonaise (a da Rosa era feita á antiga, com um dente de alho e azeite de qualidade a cair pingo a pingo sobre as gemas, até engrossar); molho de tomate espesso (feito com pingo de toucinho, alho, cebola e tomate fresco, tudo bem batido num creme vermelho-alaranjado); molho branco grosso e bem temperado; esparregado (de espinafres ou nabiças, salteados em azeite e depois bem desfeitos na picadora e engrossados com um pouco do molho branco que se fez). O prato fica assim dividido em 4 cores, alternando as mais fortes (encarnado e verde) com as mais suaves (amarelo e branco).
Experimente um dia destes mudar-se para este país de sonho, nem que seja pelo tempo de uma refeição.
Nota importante: *A Rosa será uma referência frequente neste blog, pelas razões óbvias. Felizmente ainda está perto de nós, espero que por muitos anos ainda. Por isso é a essa infância feliz, e não à Rosa, que se refere a fotografia que acompanha esta receita.
Cozem-se ovos (calculando 2 ovos por pessoa, ou seja, 4 metades), cortam-se ao meio no sentido do comprimento e separam-se as gemas, que se esmagam e misturam muito bem com atum bem escorrido do seu óleo (1 lata para 4 ovos). Voltam a encher-se os buracos das claras cozidas com este preparado e arrumam-se os ovos num prato redondo (com o recheio para baixo), até cobrir todo o prato. Com alface cortada em Juliana (como a couve para o caldo verde) faz-se a divisão dos ovos em 4 quartos e tapa-se cada quarto com as seguintes coberturas: mayonaise (a da Rosa era feita á antiga, com um dente de alho e azeite de qualidade a cair pingo a pingo sobre as gemas, até engrossar); molho de tomate espesso (feito com pingo de toucinho, alho, cebola e tomate fresco, tudo bem batido num creme vermelho-alaranjado); molho branco grosso e bem temperado; esparregado (de espinafres ou nabiças, salteados em azeite e depois bem desfeitos na picadora e engrossados com um pouco do molho branco que se fez). O prato fica assim dividido em 4 cores, alternando as mais fortes (encarnado e verde) com as mais suaves (amarelo e branco).
Experimente um dia destes mudar-se para este país de sonho, nem que seja pelo tempo de uma refeição.
Nota importante: *A Rosa será uma referência frequente neste blog, pelas razões óbvias. Felizmente ainda está perto de nós, espero que por muitos anos ainda. Por isso é a essa infância feliz, e não à Rosa, que se refere a fotografia que acompanha esta receita.